Robôs podem 'roubar' 600.000 empregos, segundo documentos vazados da Amazon
Relatório do The New York Times revela planos internos da gigante do varejo para automatizar 75% das operações, evitando centenas de milhares de contratações nos próximos anos
Documentos internos da Amazon, vazados e revelados nesta terça-feira (21) pelo jornal The New York Times, indicam planos ambiciosos da empresa. A intenção é substituir uma parte significativa de sua força de trabalho humana por robôs nos próximos anos. Segundo o relatório, executivos esperam que a automação permita evitar a contratação de mais de 600.000 pessoas nos Estados Unidos até 2033. Essa redução ocorreria mesmo com a previsão de dobrar o volume de vendas no mesmo período. O objetivo final traçado seria automatizar 75% de operações.
A estratégia, detalhada em documentos internos do último ano, sugere uma economia de cerca de 30 centavos por cada item processado, totalizando US$ 12,6 bilhões economizados entre 2025 e 2027. Os papéis também contemplariam táticas de comunicação para mitigar o impacto negativo da perda de empregos. Entre elas, estaria evitar termos como "automação" e "IA", preferindo "tecnologia avançada", e aumentar a participação em eventos comunitários. A Amazon afirmou que os documentos estão incompletos e não representam sua estratégia geral de contratação. A seguir, veja mais detalhes sobre os planos de automação da empresa.
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A escala da automação: números e metas
Os documentos vazados detalham a magnitude dos planos de automação da Amazon, segundo o The New York Times. A equipe de robótica da empresa espera evitar a contratação de mais de 160.000 pessoas nos Estados Unidos até 2027. O número saltaria para mais de 600.000 até 2033, com o objetivo final de automatizar 75% das operações. Essa redução na necessidade de mão de obra representaria uma economia significativa, estimada em 30 centavos por item e US$ 12,6 bilhões entre 2025 e 2027.
A estratégia surge após um período de crescimento explosivo na força de trabalho da Amazon nos EUA, que mais que triplicou desde 2018, chegando a quase 1,2 milhão de funcionários. No entanto, sob a liderança do CEO Andy Jassy, o foco da empresa teria mudado para eficiência e corte de despesas. A automação surge como peça central neste novo direcionamento. Ela permitiria à empresa "achatar a curva de contratação", mesmo com a projeção de dobrar as vendas até 2033.
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O futuro dos armazéns: menos humanos e mais robôs
A Amazon já opera armazéns com alto nível de automação, e os documentos indicam a intenção de intensificar esse modelo. Um centro de distribuição em Shreveport, Louisiana, inaugurado no ano passado, serviria como modelo. O local utiliza mil robôs e emprega 25% menos trabalhadores do que seria necessário sem a automação. A expectativa é que, no próximo ano, precise de metade da força de trabalho humana. A Amazon planeja replicar esse design em cerca de 40 instalações até o final de 2027.
Além das novas construções, a empresa também estaria reformando armazéns antigos. Um exemplo citado pelo The New York Times é uma unidade em Stone Mountain, na Geórgia, que atualmente tem 4.000 funcionários. Após a instalação dos sistemas robóticos, a projeção é que o local processe 10% mais itens, mas precise de até 1.200 empregados a menos. O armazém dependeria mais de temporários do que de efetivos. Cientes do impacto local, funcionários envolvidos na transição teriam discutido formas de "controlar a narrativa" na Geórgia. Focando nos novos empregos de técnicos e na "inovação".
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Impacto social e a resposta da Amazon
Os planos da Amazon podem ter um impacto profundo nos empregos de baixa qualificação nos EUA. O alerta vem de especialistas ouvidos pelo The New York Times. O modelo pode servir de exemplo para outras gigantes, como Walmart e UPS. Daron Acemoglu, professor do MIT e Nobel de Economia, afirmou ao jornal que a Amazon tem o maior incentivo para automatizar e que, se for lucrativo, o modelo se espalhará.
Ele adverte que, se os planos se concretizarem, "um dos maiores empregadores dos Estados Unidos se tornará um destruidor líquido de empregos, não um criador líquido de empregos". Há também a preocupação de que a automação afete desproporcionalmente trabalhadores negros. Em resposta ao The New York Times, a Amazon afirmou que os documentos vazados são incompletos e não refletem sua estratégia geral de contratação.
A empresa destacou que planeja contratar 250.000 pessoas para a temporada de festas. A Amazon negou que esteja instruindo executivos a evitar certos termos ou que seu envolvimento comunitário seja uma tática de relações públicas. Udit Madan, líder de operações mundiais, disse que a empresa reinveste as economias da automação para criar novos tipos de empregos, como os de técnicos de robótica, e em programas de capacitação.
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